segunda-feira, 6 de julho de 2015

Andre, Talles e Maria Cecília, com amor.


Sonhei que antes de nascer, lá do alto, temos muitos amigos
Sonhei também que nosso anjo da guarda escolhe um amigo (ou mais de um) e que todos ganhamos uma fita
Tentei lembrar da minha fita, mas a fita mudava de cor constantemente
Já a do meu amigo era branca e confesso que fiquei decepcionada, muito triste
Meu Anjo da Guarda explicou que seríamos amigos por escolha, uma união voluntária...
Outro dia sonhei que antes de nascer, lá do alto, temos muitos irmãos
Sonhei também que nosso anjo da guarda escolhe um irmão (ou mais de um) para cada um de nós
Então, apareceu um menino lindo, com uma cara emburrada e me deu a mão, apertou, apertou
Fiquei desesperada, procurando por nossas fitas, tentei largar a sua mão e chamei pelo meu Anjo da Guarda
O menino olhou pra mim e disse bem baixinho: "Sou eu, não precisamos de fita, para de gritar, fui escolhido para ser seu irmão mais velho.Vou chegar primeiro, dar uma olhada e depois nos encontramos.Acredito que não seremos amigos porque já percebi que você é muito pegajosa e fala bastante...Fiquei sabendo também que você vai me perseguir na escola, vai querer empinar as minhas pipas, vai rasgar o meu trabalho de Desenho Geométrico e vai quebrar o meu Atari...Mas fica tranquila, sou seu Anjo da Guarda e fui autorizado a rasgar sua coleção de papel de carta"
Pensei comigo, sem falar nada...nossa, o que será de mim, sem amigos, sem fitas, sem nada...
O anjo dessa vez, em um tom autoritário: " Eu sei o que está pensando, você é muito boba, nós irmãos somos livres para deixar de estarmos um ao lado do outro, livres para deixar de nos amar, tão livres que não temos fitas, não percebe?! Mas antes de sermos escolhidos, fizemos um pacto de amor e de alma, então nada irá nos separar, nenhuma bobagem de adulto vai nos distanciar...até depois, do depois, do depois, sempre vamos nos reencontrar"
Eu fiquei aliviada e insisti para o meu irmão que se os amigos tem fitas de cores diferentes, os irmão deveriam ter fitas de cores iguais e já queria a minha vermelha...
Ele já impaciente: "Minha irmã, nossa fita não tem cor.Na realidade quando cada um de nós nasce, ganhamos um laço que não tem cor, mas tem um nome que se chama Mãe.Eu tenho que ir, até daqui a pouco...".

Folhas...

Dos dias em que brincava com uma máquina de escrever verde, grande, pesada e barulhenta.Adorava o som do papel girando, da tecla espaço, daquele barulho de começar o parágrafo.Os erros? Proposital, só para fazer aquele barulhinho.Só não me dei conta das folhas perdidas.Daria tudo por aquelas folhas, até as rasuradas, principalmente as rasuradas.Então, é bem clichê: Jesus liberta, o rock salva, a glicose alivia, o amargo dignifica, o sexo sacia e escrever liberta…Escrever recupera.E hoje, do meu mais sincero desejo, sobre todas as folhas, eu quero mesmo é uma folha limpa, clara, cheia de rasuras, amassada, com a pontinha virada, dobrada ao meio, do jeito que for...quero ter essa chance, de por mais um dia tentar escrever.